Acontece em todas
as igrejas. Pode acontecer conosco. Temperamento a gente carrega. Se
for explosivo, a gente o controla. Há pedreiros que erguem rápida
eficazmente uma parede e, depois, nem eles sabem por que, derrubam-na
com duas marretadas e um coice. Precisam de ajuda!
Tenho visto
pregadores cheios de conteúdo perderem sua obra por culpa de seus
gestos e de sua impaciência, que acabam mais proclamados do que sua
mensagem. Sei de pelo menos dez que, em tempo, se deram conta
de seus rompantes, pediram ajuda ou oraram e conseguiram tornar-se
pessoas serenas e controladas. Sei dos que acabaram vencidos pelo
temperamento e nunca se corrigiram. O povo deixou de procurá-los.
O temperamento forte até
pode ajudar, desde que controlado. É a tal da mística da palavra certa,
do jeito certo, na hora certa e para a pessoa certa. Ninguém tem que
ser um cordeirinho o tempo todo. Se por algum momento for preciso
reagir em defesa dos pobres e feridos, o cordeirinho deve rugir. O que
não se admite é que um pregador da fé tenha este temperamento de
pitt-bull, que o fiel nunca sabe quando explodirá, porque seu pregador
depende das fases da lua.
A ascese cristã, em voga
em todas as igrejas, pede do pregador que se controle para não
destruir, com seus rompantes, o que construíram com sua cultura. Uma
psicóloga religiosa, que se especializou em atender pregadores
estressados, dizia, numa conferência diante de bispos e sacerdotes, que
mansidão é dom do céu, mas é conquista do indivíduo. Hoje existem até
fármacos para os casos mais difíceis. Riachos não descem controlados,
mas, canalizados e controlados, dão luz e ajudam a semear a vida. Ela
sugeria que os bispos obrigassem seus pregadores a frequentar, ao menos
por dois dias, um curso de ascese e de relações humanas.
Alguns leigos que estão a
ler estas linhas assinariam embaixo. É uma pena que sacerdotes cultos e
preparados, com tanto a ensinar, tenham temperamento de Pitt Bull. A
graça de Deus já domou verdadeiras feras. Quem é vítima desse
temperamento, hoje, com os recursos da psicologia e da fé pode mudar em
pouco tempo. Resta ver se os irados e traídos pelo temperamento admitam
que é com eles que a Igreja está falando, quando pede dos seus
ministros mais delicadeza com o povo de Deus… Afinal, gentileza é uma
das facetas mais admiráveis da pastoral!
Padre José Fernandes de Oliveira - (Pe. Zezinho, scj)
Escritor, compositor e cantor, pertencente à Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos)
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